A IGREJA

R. Jose Virgilio da Silva, 392 Vila Jundiai - Mogi das Cruzes - SP

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

INFORMATIVO Nº 216 - SETEMBRO DE 2020

 

O Ipê Amarelo do vizinho, Ogayoshi, este ano floriu esplendorosamente 

Bom dia a todos.

Depois de 5 meses com a porta fechada, finalmente hoje estamos realizando a cerimônia mensal, seguindo os protocolos para a segurança de todos.

O episódio da vida de Oyassama deste mês é o episódio 129, Cura de Sarna Purulenta.

Em 1883, quando Yassu, filha mais velha de Seijiro Imagawa, estava com nove anos de idade, contraiu sarna, daquela que produz pus e conhecida como sarna purulenta. Regressando a Jiba, acompanhada pelos pais foi levada diante de Oyassama, que lhe disse:

“Venha para cá.”

Adiantou-se hesitante.

“Mais para cá. Mais para cá.”

Tal foi a insistência que, finalmente, Yassu adiantou-se até chegar junto ao colo de Oyassama que, umedecendo a mão com a própria boca, passou-a acariciando três vezes por todo o seu corpo, dizendo:

Namu Tenri-Ô-no-Mikoto, namu Tenri-Ô-no-Mikoto, namu Tenri-Ô-no-Mikoto.”

Em seguida, repetiu o mesmo gesto por três vezes e mais três vezes. Muito agradecida, Yassu sentiu algo que aqueceu profundamente o seu coração infantil.

Ao levantar-se na manhã seguinte, verificou que não havia nem cicatriz da sarna. Que milagre! Yassu pensou com seu coração infantil que Deus é realmente maravilhoso.

À medida que crescia, Yassu sentia mais intensamente a emoção por aquela grandiosa bondade de Oyassama que não se importou diante de tão nojenta enfermidade. Como yoboku dedicou-se ao Caminho, sempre recordando deste fato e procurou corresponder à bondade de Oyassama.

Imaginaram este episódio acontecendo?

A sarna purulenta, é uma sarna com pus, e só de imaginar, as vezes é uma coisa nojenta. Mas a Oyassama com o seu coração de mãe da humanidade, umedecendo a mão com a própria boca, passou acariciando por três vezes, e repetindo o gesto por 3 vezes.

Oyassama é realmente maravilhosa.

Muito bem, na realidade, hoje seria o dia em que estaríamos celebrando e comemorando os 30 anos de fundação desta igreja, com a presença do condutor da igreja Mor, mas adiamos a comemoração para o ano de 2021.

Sendo assim, gostaria de contar um pouco sobre a caminhada até a fundação desta igreja.

Há alguns anos antes da celebração dos 70 anos do Ocultamento Físico de Oyassama em 1954, o meu pai estava no colegial, e seu pai o chamou e disse: “Nessa época oportuna é que temos que plantar as sementes, senão elas não germinam”, e deu a ideia do meu pai abandonar os estudos para trabalhar.

Naquele momento, por não gostar muito de estudar, ele respondeu SIM, com uma alegria disfarçada.

O pai dele havia conseguido um emprego na fábrica de montagem de relógios, da Seiko, de seu primo, e recebeu antecipadamente o salário de um ano de trabalho, e fez a oferenda de todo seu salário para a celebração dos 70 anos do Ocultamento Físico de Oyassama.

Em 1960 a Associação dos Moços da Tenrikyo estava promovendo a divulgação no exterior, e imaginou que esta seria uma chance de concretizar um desejo que era também do seu pai.

Mas quando foi conversar com a sua mãe, todos os irmãos foram contra, e pediram para a mãe para não deixar fazer esta viagem.

Mas sua mãe, apesar do aperto no coração, disse que se fosse para fazer a divulgação dos ensinamentos no exterior poderia ir, porém com uma condição, teria que encontrar uma noiva que o acompanhasse, e fazer o curso Kente Koshu.

A predestinação é uma coisa engraçada. Na época que estava montando o livro dos 20 anos da igreja, numa foto em que encontrei do meu pai fazendo o kente koshu, estava uma pessoa do Brasil. E depois descobri que era o pai de um amigo meu. O Jorge Suzuki que mora em São Paulo, que é casado com a filha da condutora da igreja Marialva, e é fiel da Igreja Três Barras.

Ele precisava encontrar uma pessoa para casar. Mas não é assim que funciona as coisas, não é?

Certo dia, quando a família do meu pai estava comentando sobre ir ao Brasil, a irmã dele disse: “Eu tenho uma amiga da minha classe que vai para o Brasil”.

Outra predestinação. Se não fosse a divulgação para o Brasil, como seria o caminho de cada um deles?

A minha mãe e a irmã do meu pai estudavam em Tenri, em Nara. E elas moravam na província de Chiba, perto de Tokyo.

Então nas férias escolares a irmã do meu pai, convidou a minha mãe para ir passear na casa dela, que era caminho para a sua casa.

Chegando lá a mãe do meu pai disse, “Oi Michiyo, tudo bem? Tenho aqui duas passagens para ir a Tokyo. Não quer ir com o meu filho?

E a minha mãe respondeu, “eu não, nem conheço ele.” E acabou indo com a sua amiga, a irmã do meu pai.

Depois do passeio, a minha mãe voltou para a casa, quando a mãe dela perguntou, “você foi para algum lugar antes de vir para casa? E ela respondeu, “passei na casa da minha amiga, e fomos passear em Tokyo.”

Hummm, caiu na conversa... Disse a minha avó que já sabia do plano de fazerem se conhecerem...

E desta forma eles se conheceram e se casaram em 1960.

Parece que a minha mãe foi uma das melhores alunas da classe, mas teve que abandonar os estudos por causa da viagem. Num dos encontros da minha mãe com o meu pai, ela disse a ele: “Quando chegarmos ao Brasil vamos nos comunicar em inglês, tudo bem?” Mal sabia a minha mãe que o meu pai não gostava muito de estudar, e meio sem jeito ele somente abaixou a cabeça afirmativamente.

Ao chegarem no Brasil, foram morar em Bauru, a uns dez km do Dendotyo.

Ficaram por 4 anos em Bauru, e depois mudaram para Itaquera, e depois Mogi,

Em Mogi, moraram na Ponte Grande, e na Vila industrial onde depois de 9 anos de vivencia no Brasil fundaram a Casa de Divulgação Hakuryu.

Na vila industrial resolveu abrir um pequeno negócio de consertos de relógios na própria casa. Os clientes eram atendidos na janela da sala, onde havia a sua mesa para consertos. Mas como era um ponto novo, não entrava consertos de uma hora para a outra. Então começaram a rodar de bicicleta pela vizinhança perguntando se tinham relógios para consertar.

Naquele tempo os relógios eram objetos de muito valor, e entregar nas mãos de um desconhecido era algo impensável. Assim, teve a ideia de deixar a sua bicicleta como garantia e a retirava quando devolvia o relógio consertado.

A minha mãe também se esforçava fazendo a sua parte, andando de bicicleta, vendendo, de porta em porta, alguns produtos japoneses como udon, tikuwa etc.

Apesar de todo o esforço, a vida continuava difícil. Então um certo dia o meu pai, já sem muitas expectativas, pensou em voltar ao Japão. Quando comentou com a minha mãe sobre a possibilidade de irem embora, a resposta foi “Se quiser voltar, volte sozinho! Eu vou ficar!”.

Não havia como voltar com seis filhos pequenos. Isso foi uma motivação a mais para que continuassem a lutar no Brasil.

Em 1972, a mãe do meu pai, preocupada veio sozinha ao Brasil.

Até hoje, a irmã do meu pai, Kazuko, se lembra da imagem da sua mãe subindo no avião, carregando uma mala pesada com roupas para as crianças e uma máquina de regular relógios, para garantir a subsistência no Brasil.

Ao chegar no Brasil, vendo as dificuldades do filho e da família que vinha crescendo, ofereceu ajuda para a intermediar um empréstimo de um banco do Japão para compra de seu próprio negócio de vendas e consertos de relógios.

Justamente nesta época uma relojoaria estava à venda. A loja chamava-se “A Confiança" e ficava bem no centro de Mogi das Cruzes. Dá para perceber a grandiosidade de Deus em deixar tudo preparado desde o momento em que o meu avô solicitou ao meu pai, a sua dedicação em prol dos 70 anos do Ocultamento Físico de Oyassama.

Depois de pagarem toda dívida da compra, as coisas finalmente começaram a melhorar. 

Então resolveram comprar um terreno para a construção de uma igreja em Brás Cubas, dando de entrada um carro que tinham.

Depois de alguns anos, para a construção da Igreja, o meu pai convidou Toshie Sato, o avô do fiel Shinji Sato e, Kunio Sakurai, o meu sogro, para conversarem sobre a obra. Ao comentar sobre o seu desejo de construir uma Igreja, eles apoiaram a ideia e perguntaram quanto havia em caixa para iniciar as obras. Então o meu pai respondeu que não havia um tostão.  Os dois ficaram um tanto perplexos, mas sentiram a sinceridade do ideal da construção, e cooperaram de uma forma sem igual com cimentos e mãos de obra para a construção.

Na etapa da colocação dos telhados, não havia mais recursos. Após pensarem em uma solução, os pais solicitaram ao filho, Haruo, que vendesse seu fusca, no que foram prontamente atendidos e a compra dos telhados pôde ser realizada.

Para a construção do altar, necessitávamos da peroba rosa, mas não eram encontradas tão facilmente em qualquer lugar. Sendo assim, pensou-se até em ir procurar no Paraguai.

Porém, procurando em vários lugares, descobriu-se que uma madeireira na própria cidade poderia fornecer esta madeira, recebendo mais uma vez a grande providência de Deus.

A inauguração da igreja estava marcada para setembro de 1990. E o dinheiro para a inauguração já estava quase a zero.

Nesta época tínhamos um carro bem velhinho que ajudou muito para carregar os materiais para a obra.

E eu pela primeira vez entrei num consorcio de 5 anos e, na semana seguinte fui sorteado, então resolvemos vender o carro anterior para os preparativos da inauguração.

Mas como o carro estava bastante judiado, imaginávamos que não conseguiríamos muito com a venda.

Quando um amigo trouxe um interessado, esse interessado perguntou por quanto estava vendendo.

Eu não sei se o meu pai é muito esperto ou muito sem noção.

Só para vocês terem uma ideia, como o carro estava bem judiado, nós imaginávamos que se vendesse por uns 10 mil reais, no valor atual, estaria bem vendido.

Mas quando o interessado perguntou o valor, o meu pai respondeu, o valor é você que tem que falar. Então ele respondeu tipo, 15 mil está bom? E eu fiquei assustado. Então o meu pai falou, “eh”.

E quando o interessado disse que gostaria de pagar em duas vezes... se fosse eu, com certeza diria, tudo bem, está ótimo. Mas como o meu pai é muito sem noção, ou esperto, fica aqui a interpretação de cada um, ele falou assim, “Pera ai, se for em duas vezes, preciso colocar um acréscimo. E respondeu, “2 vezes de 8 mil”. E fecharam o negócio.

E utilizaram este dinheiro para a inauguração.

Após quase seis anos de construção ininterrupta a Igreja finalmente foi concluída,  no dia 15 de setembro de 1990, recebendo muitas providencias de Deus-Parens.

Solicitando que mais aniversários venham a ser comemorados, tornando este lugar no da salvação, animados, gostaria de continuar a contar com a colaboração de todos para tornarem os seus espíritos no da salvação.

Pois que, não adianta somente ficarmos pedindo a proteção ou a salvação a Deus, falando “Ai Deus, me ajuda, ai Deus me salva”.

Podem ficar esperando que nada vai acontecer, se não trabalharmos, se o nosso espírito não estiver condizente com o dele.

Tem uma frase muito boa que ouvi num filme, que fala assim: Quando pedimos alguma coisa a Deus, você acha que ele vai nos dar o que pedimos, ou vai nos dar a oportunidade de conseguirmos o que pedimos?

Se alguém pede que a família seja mais unida, acha que Deus une a família com amor e alegria ou dá a eles a oportunidade de se amarem e unirem?

Oyassama nos ensinou que: salvando os outros estará salvando a si mesmos.

Vamos trabalhar para a salvação e auxilio dos próximos.

Muito obrigado.